terça-feira, 26 de junho de 2012

Direito Internacional - Convenção de Viena



Conceito

A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados foi celebrada na cidade de Viena, capital da Áustria, em 22 de maio de 1969. O projeto da Convenção foi preparado pela Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas e submetido à aprovação pela Assembleia Geral da ONU na Conferência de Viena sobre o Direito dos Tratados.
Entrou em vigor internacionalmente em 27 de janeiro de 1980, e desde então, mais de 110 países são signatários dessa convenção, ditando as regras sobre a elaboração dos demais tratados de direito internacional.


Objetivos

Conforme o texto da própria Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, seus objetivos são reconhecer a importância dos tratados como fonte do Direito Internacional e como meio de desenvolver a cooperação pacífica entre as nações, quaisquer que sejam seus sistemas constitucionais e sociais; solucionar controvérsias e estabelecer parâmetros relativos à assinatura, adesão, formulação e obrigações relativas aos tratados internacionais, codificando o direito internacional consuetudinário referente aos tratados; e afirmar que os princípios do livre consentimento e da boa fé e a regra pacta sunt servanda são universalmente reconhecidos.
As controvérsias relativas aos tratados, tais como outras controvérsias internacionais, devem ser solucionadas por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da Justiça e do Direito Internacional.


Princípios

Ainda de acordo com o texto da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, os principais objetivos daquele pacto entre as nações são:
ü                    Princípio da Igualdade de Direitos;
ü                    Princípio da Autodeterminação dos Povos;
ü                    Princípio da Igualdade Soberana;
ü                    Princípio da Independência dos Estados;
ü                   Princípio da Não Intervenção nos Assuntos Internos dos Estados;
ü                   Princípio da Proibição da Ameaça ou do Emprego da Força;
ü                  Princípio da Observância dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais.

Vale ainda ressaltar a referência que o texto da convenção faz, em seu artigo 26, à internacionalmente consagrada regra do Pacta sunt servanda, a qual se transcreve abaixo:

“Artigo 26 - Pacta sunt servanda
- Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé.”


Estrutura

A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados é composta de 65 artigos, divididos em oito partes com cinco sessões e um anexo, contendo disposições gerais sobre as comissões de tratados internacionais.
Nela, não só as regras e princípios já aqui elencados são apresentados, como também as normas para a elaboração dos tratados, sua ratificação pelos estados-nações e os preceitos sobre como devem ser mantidas as relações diplomáticas entre os países.


Momento Histórico

O século XX foi marcado de acontecimentos que punham em alerta as autoridades mundiais: duas grandes guerras, em 1914 e 1939, inúmeros conflitos civis que moldavam o mapa geopolítico no continente africano, as constantes quebras das bolsas de valores por todo mundo, e a constante ameaça de uma guerra nuclear.
A globalização, resultado da rápida expansão econômica dos países europeus após a revolução industrial no século XIX, o desenvolvimento de tecnologias inovadoras, sobretudo no campo da aviação e das comunicações, rompia fronteiras nunca antes ultrapassadas, o que fazia necessário a elaboração de regras para a interação e o convívio pacifico entre os países.
Na segunda metade do século XX, o mundo estava sob forte instabilidade política, sobretudo com a guerra fria, que dividia o planeta em dois grandes blocos: um lado capitalista, representado pelos Estados Unidos da América, Inglaterra e França e o outro socialista, com a URSS, China e Coreia do Norte.
Na década de 60, poucos anos antes da assinatura da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados vários fatos no campo político aceleraram as autoridades da Organização das Nações Unidas na elaboração de um tratado que pusesse fim à insegurança política que rondava o globo, com a instabilidade nas relações entre os países.
Em janeiro de 1961, os Estados Unidos anunciaram formalmente o corte das relações diplomáticas com Cuba. Tal medida visava enfraquecer a economia do país, e com isso atingir o socialismo que vinha crescendo entre os países sul-americanos. Ainda durante a guerra fria, uma batalha entre americanos e soviéticos foi travada: a corrida espacial. Ambos os países disputavam qual teria tecnologia mais avançada, suficiente para enviar um ser humano ao espaço. Os soviéticos saíram na frente, e o cosmonauta Yuri Gagarin torna-se o primeiro homem a ir ao espaço.
Em 1963, durante uma visita à Dallas, em meio à campanha pela reeleição presidencial, John F. Kennedy é assassinado, o que põe imediatamente o serviço secreto americano e todo o mundo em alerta máximo para uma nova guerra. No Brasil, o golpe militar de 1964 no Brasil derruba o presidente João Goulart.
Começa a Guerra do Vietnã em 1965, e mais uma vez o mundo se vê engajado em um conflito armado, sem um propósito definido, que ao final deixaria um saldo de milhares de vidas perdidas e um rombo na economia, causado por investimentos em armamentos e tratamento dos feridos.
Em 1967, mais um fato histórico relevante acontece: Che Guevara é executado na Bolívia, enfraquecendo a luta dos partidos comunistas pela unificação dos países da América do Sul. Em julho de 1969 Neil Armstrong se torna o primeiro homem a pisar na Lua, como comandante da missão Apollo 11. É o fim da corrida espacial.
Todos esses acontecimentos forçaram as autoridades a elaborar um conjunto de regras que garantisse maior segurança nas relações internacionais, pois, nos séculos anteriores, as guerras dificilmente rompiam os limites continentais. Agora, com a tecnologia e a grande dependência de cooperação entre os países, seria necessário que cada país fizesse concessões e obedecesse à regras, respeitando a autonomia e a liberdade das outras nações, independentemente de sua ideologia política ou sua postura perante seus pares.


A Convenção de Viena no Ordenamento Brasileiro

O Brasil ratificou a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados a partir do decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009. Até então, 110 nações já haviam ratificado a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados.
O texto do decreto nº 7.030 contém apenas três artigos, mas é o suficiente para demonstrar a adesão do Brasil aos termos da convenção. Fazendo uso da atribuição conferida pelo artigo 84, inciso IV da Constituição Federal, o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 14 de dezembro de 2009, decretou que o país tinha aderido integralmente aos termos da convenção, sujeitando à revisão de seu texto ao Congresso Nacional.
Anexo ao decreto está a íntegra da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, entrando esta em vigor na data de sua publicação
É interessante observar que apenas 40 anos após a assinatura da convenção, uma lei nacional trouxe para dentro do nosso ordenamento diretrizes tão importantes para relações internacionais.


Repercussão Mundial

Alguns juristas entendem que os termos da Convenção seriam aplicáveis até mesmo aos Estados que não são partes da mesma, devido ao fato desta compilar, na essência, o direito internacional consuetudinário vigente sobre a matéria.
Não é à toa que a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados elenca, logo em seu início princípios como o da Igualdade de Direitos e da Não intervenção dos estados. Assim, ela impõe seus termos aos países signatários sem forçar aqueles que preferiram não ratificar seus termos, sendo de qualquer forma, o conjunto de regras fundamentais para a elaboração de tratados entre as nações.


Referências

Brasil - Ministério das Relações Exteriores: Direito dos Tratados, em:
Brasil – Portal do Planalto: Decreto nº 7.030/09, em:
Infoescola - Convenção de Viena Sobre os Direitos dos Tratados, em: http://www.infoescola.com/geografia/convencao-de-viena-sobre-o-direito-dos-tratados/ acesso em 29.03.2012
Wikipédia, a Enciclopédia Livre, em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Conven%C3%A7%C3%A3o_de_Viena_sobre_Direito_dos_Tratados acesso em 30.03.2012

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